Artes Performativas a Solo

FIS 2018 em retrospectiva

Entre o fazer com pouco e o não fazer de todo.

Uma dúvida que parece simples, fútil até, mas é com ela que nos vamos debatendo ano após ano. Nós e muitos outros. Outros festivais. Outras companhias. Outras estruturas. Outros espaços. Outros que desejam criar, mostrar, provocar, experimentar, partilhar, debater, lutar, repetir, tanto ou mais do que nós.

Num ano assinalado por um controverso processo de atribuição dos apoios às artes, esta questão torna-se penosa de responder. Por um lado, a dignidade. Não apenas a nossa. Aliás, cada vez menos a nossa. A dignidade dos que nos presenteiam, durante breves momentos, com o árduo trabalho arquitectado durante longos dias, semanas, meses e anos. Por outro lado, a oportunidade. Criar oportunidades para o que acreditamos e partilhá-lo com um público sedento de novas formas, novas soluções, novos formatos, novos intérpretes.

Ano após ano, Novembro após Novembro, o FIS vai regressando à Póvoa de Varzim.

Um regresso que se faz pela terceira vez concretizando, assim, uma quarta edição. Uma quarta edição que nunca esteve nos nossos planos. Na verdade, uma terceira também não. Muito menos uma segunda.

Um festival materializado pela simples, mas inabalável vontade de fazer sem olhar a meios, cresce, transforma-se e sobrevive a passos curtos. Passos curtos que sustentam uma ideia que se vai tornando mais clara e tangível. Uma ideia que pede passos firmes mais do que longos ou curtos.

Esta é a forma que encontrámos para tornar possível esta ideia num tempo áspero para a cultura. Ainda não sabemos como esta história acaba. E se acaba. Vamos descobrir.

Nuno Leites
Director Artístico do FIS

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