Artes Performativas a Solo

FIS 2019 em retrospectiva

Cinco anos de FIS. E depois?

Quando em 2015 se lançava o mote de criar um festival na Póvoa de Varzim apenas de espectáculos a solo, com pensamentos, linguagens e áreas distintas ou cruzamentos disciplinares artísticos, nacionais ou internacionais; um festival que apostava na particular relação singular entre o público e um intérprete; um festival que era acolhido pelo Cine-Teatro Garrett desde a primeira hora e que cumpria a  primeira edição só com espectáculos da Marácula e Ventos e Tempestades, associações culturais, na altura co-produtoras, que uniram esforços, vontade e trabalho para implementar na cidade um evento novo, necessário e emergente; um festival que a partir da terceira edição também se fazia com música e, com passos firmes, continuava a dar voz e palco a novos artistas, novos criadores; um festival que consagrava na sua quarta edição a ideia de que sobreviver e resistir são o fruto do amanhã, estávamos longe de imaginar o dia em que construiríamos a quinta edição do FIS.

Cinco anos depois esse dia chega, mas muitas das lutas continuam e não podem ser ignoradas: por um lado a luta difícil-sem-fim do processo do apoio às artes, da fidelização de públicos, das infra-estruturas necessárias, por outro lado a dos artistas e dos criadores que procuram, trabalham, precisam. Continuamos em 2019, não fosse o FIS também feito destes lutadores, a cimentar o lugar que criámos em 2015 para servir de plataforma de criação, produção e divulgação, a resistir e a sobreviver a cada ano para construir um novo ano. Um amanhã-presente. E na quinta edição, em particular, uma programação novamente surpreendente, a par de um carácter de proximidade entre público e espectáculo cada vez mais forte: o FIS pela primeira vez limita as lotações dos espaços de apresentação a 50 lugares. Propomos um espaço mais acolhedor, mais íntimo, mais próximo. Queremos um festival que privilegia a relação íntima do público com um só intérprete.
Queremos um festival com condições de trabalho.
Queremos um festival que pensa, questiona e se responsabiliza pelos problemas da cultura em Portugal.
Queremos um festival que educa o seu público.
Não queremos um festival que, sem isto, exista.

Cinco anos de FIS. E depois? Mais um amanhã.

Inês Simões Pereira
Directora de produção e programadora do FIS

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